sábado, 15 de outubro de 2011

Caros e caras artistas, produtores:

Nesses sete anos de mandatos legislativos em que represento Porto Alegre e o Rio Grande, estive envolvida em inúmeros projetos. Alguns deles relativos à cultura. Cito dois: a lei municipal de fomento ao teatro e a dança, construída com 18 grupos independentes da cidade e a relatoria do vale-cultura, que destinará cinquenta reais para que os trabalhadores tenham acesso a bens e serviços culturais.

Sempre me considerei uma parceira desse segmento, seja na luta pelos 2% PIB para a cultura ou na ampliação do orçamento com emendas parlamentares de minha autoria. Assim como sou árdua defensora da alteração da Lei Rouanet, para que favoreça a cultura de todos os estados e não apenas do eixo Rio-SP.

Nos últimos dias fiquei surpresa com a falta de diálogo de muitos e de respeito de alguns comigo (inclusive com minha irmã que é atriz). Escrevo para esclarecer os de boa-fé, aqueles sem ódios e preconceitos no coração:

1. Não sou autora do Estatuto da juventude, sou relatora. Esse projeto foi debatido por sete anos e foi aprovado por todos os deputados federais;

2. Não faço leis específicas para um estado, mas para um país que já conta com meia-entrada em 11 de seus estados;

3. O estatuto da juventude apenas garante o direito para estudantes de até 29 anos (faixa considerada jovem pela constituição brasileira e pela ONU, e não por mim). Ele não diz
como será o direito, como será regulamentado. Ele não garante para todos os jovens, mas para aqueles que estudam. Quanto mais alta a idade, normalmente, menor a classe social.

4. Estamos em intensas conversas com produtores culturais e artistas de todo o país para regulamentar a lei garantindo critérios como cota máxima, exclusão de áreas VIPs ou espaços mais "nobres" da meia-entrada e exclusão de tarifas promocionais (como o Porto Verão Alegre, ou seja, a não acumulação de descontos).

5. Sei que o maior problema de bilheteria do teatro não são os jovens, mas aqueles que têm o direito garantido pelo estatuto do idoso (não questionado agora, por que será?). Por isso estou debatendo com amigos produtores e atores as regras novas que regulamentem o direito e um novo texto de projeto de lei que garanta o subsídio público para essa política pública. Ou seja, EU estou fazendo o debate sobre subsidio.

6. Como podem perceber atacaram o alvo errado, pelo motivo errado. Não há lei aprovada, sou relatora e não autora, estou construindo pontes para resolver a situação no Brasil inteiro.
Todos aqueles que quiserem dialogar tem em mim uma parceira, de portas abertas. Apenas não aceito que ataquem a mim e aos meus.

7. Sou irmã de uma maravilhosa atriz de teatro, professora de artes cênicas na rede estadual de ensino e também da municipal de Gravataí. Hoje ela atua num grande circo de meu estado. Já esteve em pequenas e lindas companhias, pelas quais recebeu duas vezes o troféu de melhor atriz de teatro infantil. Sei, também, da dificuldade que tinham para manter esses espetáculos em cartaz. Respeitem-na pela sua trajetória. Se não respeitam a mim, respeitem a ela. Respeitem a alguém que há duas décadas se dedica ao teatro.

Quero investimento público em cultura como percebem pela lei de fomento e vale-cultura, quero platéias novas. Mas quero respeito. A mim e aos meus.

Artistas devem nos ajudar a mudar as pessoas! Não podem transformar-se nas mesmas pessoas que combatemos.

Estou aqui, disposta a ouvir, falar e esclarecer.

Manuela

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