terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Entrevista

Passados seis anos desde a primeira eleição, quando concorreu a vereadora de Porto Alegre, a deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB) acredita que está pronta para assumir o paço municipal. A ex-vereadora já disputou uma vez a prefeitura, ficando em terceiro lugar, mas sustenta que a recente votação para a Câmara, quando se sagrou a mais votada no Estado com larga vantagem, a credencia para a disputa municipal.

No início do mês, o PCdoB se adiantou ao restante dos partidos e confirmou que trabalhará a partir do próximo ano para Manuela ser a candidata do partido em 2012. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, a deputada avalia os desafios para a construção de uma aliança que inclua o PT. Diz que pretende reunir um campo amplo de aliados e projeta que a reedição da parceria com o PPS, construída em 2008, será menos provável.

Manuela analisa a importância da aliança entre PCdoB e PSB para o crescimento das siglas e antecipa temas do debate eleitoral, apontando problemas da Capital na área da saúde e da mobilidade urbana.

Jornal do Comércio - O PCdoB já confirmou sua pré-candidatura à prefeitura de Porto Alegre em 2012. O trabalho a partir de agora deve ser para obter o apoio do PT?

Manuela D'Ávila - Cabe a eles a escolha de abrir mão da cabeça de chapa, e não a nós. Não cabe a outro partido, interferir nas escolhas do PT. Mas é legítimo que o PCdoB apresente sua candidatura. As eleições legitimaram a hipótese de eu ser candidata em 2012.

JC - Com a eleição de Tarso Genro houve uma espécie de revitalização da Frente Popular. A senhora espera que esse bloco se consolide nas eleições municipais?

Manuela - Essa aliança tem uma relação histórica. Nossas histórias e lutas são muito próximas. Nessa eleição, reorganizamos politicamente e reaproximamos eleitoralmente esse campo. Não é apenas uma reaproximação eleitoral, há uma reorganização política de idéias, pressupostos, daquilo que nos mobiliza. O PCdoB quer que isso permaneça.

JC - É possível ser candidata sem o apoio do PT?

Manuela - Dá para ser candidata tendo um projeto. Temos uma vontade de que algumas coisas aconteçam, mas nem sempre na vida as vontades acontecem. E nem por isso deixamos de seguir a vida adiante. Isso é o que achamos o melhor para nós e para o Estado.

JC - Em 2008, a senhora concorreu com uma aliança bastante ampla, que uniu sete partidos (PCdoB/PPS/PR/PTdoB/PMN/PSB/PTN). A composição do governo do Estado altera a busca de aliados para 2012?

Manuela - Não temos essa análise. Não depende só do PCdoB a opinião dos outros partidos. Achamos correta a reorganização do nosso núcleo de esquerda, mas compartilhamos da mesma visão do governador, de que é necessário ampliar o leque de alianças. É uma visão histórica do nosso partido. Não é possível resolver os impasses de desenvolvimento de uma Capital como Porto Alegre, com tantas carências e perspectivas, sem somarmos esforços. Não existe um partido ou uma pessoa iluminada capaz de resolver sozinho os impasses da cidade.

JC - Existem partidos que não são considerados adequados para a coligação?

Manuela -
 PSDB e o DEM. Temos vetos mútuos.
JC - O PPS foi um grande aliado em 2008, com Berfran Rosado como vice na chapa. Essa parceria pode se repetir em 2012?

Manuela - O PPS foi um aliado muito leal, mas é um partido diferente do meu. O (Leonel) Brizola dizia que aliança é a busca de convergência com os diferentes, sendo que os iguais estão no mesmo partido. Então o PPS foi um aliado muito leal, mas fez uma opção legítima de buscar outro caminho. Isso não tira o respeito mútuo que temos.

JC - Houve uma aproximação da senhora com o PP quando PSB e PCdoB tentavam lançar o deputado federal
Beto Albuquerque ao Piratini. O PP pode ser um parceiro na disputa pela prefeitura?


Manuela - O PP é um partido que está se reposicionando politicamente. É nosso aliado nacionalmente e um dos parceiros do governo Lula. Hoje, no Estado, eles estão se reposicionando. Por isso, é muito cedo para saber. Não sei qual a posição que cada partido terá sobre o Brasil e sobre o Rio Grande do Sul. Nossa aliança se dará com base nas opiniões que os partidos expressam sobre o desenvolvimento de Porto Alegre e sobre a visão de Estado e de País que eles carregam.

JC - O fato de ter feito a maior votação do Estado para a Câmara dos Deputados, a credencia para uma vitória em 2012? Com que expectativa entra na disputa?

Manuela - Essa eleição (de 2010) é fruto de um processo de avaliação. E isso me deixa tão feliz com o número de votos que tive. Sei o quanto trabalhei nesses quatro anos e a população tem o direito de gostar das idéias que represento ou não. De fato, temos sinais positivos da população para que essa seja uma eleição que a gente dispute, se efetivar a candidatura. Porque é muito cedo para falarmos sobre isso. A hipótese da candidatura chega com sinais positivos da população, mas a eleição de 2012 está longe de acontecer e, como todas as eleições da Capital, com um povo tão politizado, com tanta história de participação, será uma eleição muito disputada.

JC - Sendo eleita para um segundo mandato no próximo ano, a senhora acha que aquela tese de que é jovem demais para ser prefeita está derrubada?

Manuela - A população respondeu isso. Disputar uma eleição com argumentos preconceituosos não é bom para ninguém, porque essa não é a Porto Alegre que conheço, tão avançada. Não acho que a cidade faz suas escolhas pela idade, pela raça ou pelo sexo. Faz pelo que a pessoa representa politicamente. E eu pretendo, se for candidata, apresentar um programa que faça Porto Alegre se desenvolver e resolver seus problemas. Faz algumas eleições que o principal tema é a saúde, a creche. Dissemos isso em 2008. Há muito tempo Porto Alegre discute os mesmos problemas. E não vemos saltos significativos na solução deles.

JC - Em linhas gerais, quais são os principais desafios de Porto Alegre?

Manuela - Nossa cidade tem uma ausência de pensamento a médio e longo prazo. Não conseguimos sequer pensar os investimentos da Copa de 2014 como investimentos que sirvam para a população a médio prazo. Ou seja, na fase posterior à realização da menor parte, do que menos interessa para nós, que são os jogos de futebol. Temos um desafio grande na área da saúde. Porto Alegre sempre foi inovadora e, entretanto, não dá conta de um sistema de atendimento preventivo. É uma cidade que não conseguiu garantir a inclusão de mais da metade de suas crianças nas creches e nas instituições de educação infantil. Esse é um problema grave. Temos problemas óbvios relacionados à mobilidade urbana. Porto Alegre é uma cidade que para de maneira sistemática. Não tem colapso, mas tem pontos de trancamento que acontecem de maneira repetitiva. A administração municipal precisa ter atitude e uma gestão moderna para enfrentar esses desafios.

JC - Esses problemas advêm da atual administração?

Manuela - É equivocado responsabilizar o prefeito (José) Fortunati (PDT). Ele é prefeito há pouco tempo. Não governo a cidade há seis anos, mas faz parte desse processo de seis anos. A cidade tem problemas de gestão muito acentuados que são parte dos empecilhos para a resolução dos seus problemas.

JC - A senhora tem acompanhado as denúncias de corrupção envolvendo a Secretaria Municipal da Juventude? 

Manuela - Apenas espero que todas as denúncias sejam investigadas e os responsáveis, punidos. A uma cidade com tantos déficits não é dado o direito de errar com o dinheiro do povo.

JC - O que deu errado na campanha de 2008 que poderá ser corrigido em 2012?

Manuela -
 O processo político não depende só de nós. É um gesto de arrogância quando as pessoas avaliam os processos como o centro do mundo. Pode ser por erros nossos, mas também por mérito dos outros.

JC - E o que se pode tirar de aprendizado desses erros?
Manuela - Conseguimos estabelecer uma relação com a cidade e um nível de conhecimento muito profundo sobre os desafios de Porto Alegre.

JC - Como avalia o desempenho do PCdoB nestas eleições?

Manuela - Foi muito positivo. Conseguimos concretizar uma aliança que defendíamos de maneira ampla, unindo PCdoB e PSB nas eleições proporcionais, além de uma candidatura que se mostrou disposta ao diálogo e à construção de alternativas para o Estado, a de Tarso. Nossa participação dentro desse processo foi muito positiva com a candidatura da Abgail (Pereira) ao Senado, que conseguiu se diferenciar. A prova maior disso foi o volume de votos que ela teve em uma eleição tão acirrada, fazendo mais votos que a governadora do Estado. Elegemos dois deputados federais, que era um dos nossos objetivos partidários.

JC - Esperava ser a deputada federal mais votada do Estado?

Manuela - Foi algo surpreendente para todos. É diferente da votação de 2006, porque é uma votação que pressupõe uma avaliação positiva dos meus trabalhos. Sempre há confiança, expectativa e esperança, mas é um voto de avaliação. Então, fomos muito exitosos, pelo que significa a eleição do Tarso no Estado e pelo crescimento dos três partidos que dão origem a essa aliança.

JC - A senhora credita o bom desempenho eleitoral ao trabalho pela juventude?

Manuela - Não acho que existe voto ligado à questão da minha idade. Existe a renovação política que conseguimos estabelecer e representar. Senão, não teria tantos votos e de todas as faixas etárias. Um voto muito expressivo é o da terceira idade. E renovação não é só geracional, é de conteúdo e idéias. E tenho voto massivo de mulheres. Claro que tenho muito voto de jovens, porque são pessoas da minha geração que se identificam com minha percepção sobre os problemas na sociedade. Mas as pessoas ficam muito surpresas com o carinho, a atenção e mesmo a responsabilidade que a terceira idade me delega.

JC - A prioridade do PCdoB era a manutenção da aliança proporcional com o PSB?

Manuela - Na verdade, não era a aliança proporcional. Temos uma relação histórica nacional com o PSB e com o PT. E com o PSB temos uma proximidade muito grande. A aliança proporcional é reflexo disso, não a origem. Não foi em torno da aliança proporcional que nos movimentamos. Isso não é a cara do PCdoB. Alguns fazem opção de alianças proveitosas. Essa aliança para nós é política. Assim como é a com o PT.

JC - A aliança também teve efeitos práticos muito bons ao unir dois puxadores de votos como a senhora e o deputado federal Beto Albuquerque.

Manuela - Que bom que é possível ter efeito prático positivo em uma aliança que é política. Isso é motivo de orgulho. Tem um efeito positivo eleitoral a partir de uma escolha não eleitoral, e sim política.

JC - Qual sua avaliação do espaço que Tarso está concedendo ao PCdoB no governo?

Manuela - O governador teve um grande respeito pelo nosso partido e pela nossa participação. E nos deu a oportunidade de contribuir em duas áreas que tem uma relação muito grande com o futuro do Estado e do País: as secretarias do Meio Ambiente e do Turismo. O Rio Grande do Sul tem vocação para o turismo de evento, sobretudo Porto Alegre. O Estado tem uma relação estratégica no Mercosul, assim como no meio ambiente.

Perfil

Manuela Pinto Vieira D'Ávila, 29 anos, é natural de Porto Alegre. Iniciou na militância política na adolescência, através do movimento estudantil. Em 1999, ingressou nos cursos de Jornalismo da Pucrs e Ciências Sociais da Ufrgs. Graduou-se em Jornalismo 2003. Integrou a UNE e a Juventude Socialista. Em 2001, filiou-se ao PCdoB. Integra a direção municipal e estadual do partido, além de fazer parte do Comitê Central. Na primeira vez em que concorreu, em 2004, foi eleita vereadora de Porto Alegre com a quinta maior votação: 9.498 votos. Cumpriu o mandato na Câmara Municipal entre 2005 e 2006, quando disputou um assento na Câmara dos Deputados. Foi a mais votada no Estado e no Sul do País, chegando a 271.939 mil sufrágios. Concorreu em 2008 à prefeitura de Porto Alegre, obtendo a terceira maior votação, 121.232 mil votos. No pleito deste ano, superou o feito de 2006: foi a deputada federal mais votada do Estado, com 482.590 sufrágios.


Fonte: 

N Coisas sobre política!

A semana da deputada Manuela começou a semana com uma entrevista ao programa "N Coisas", da rádio Ipanema. Durante meia hora, Manuela falou sobre as eleições de 2010, sobre sua trajetória política e sua atuação no movimento estudantil, sobre o momento do movimento estudantil no Brasil e as expectativas para os próximos anos do mandato na Câmara Federal.

Questionada sobre sua relação com o Comunismo hoje, Manuela disse: "Fui criada para não achar certo as desigualdades sociais. Por isso minha escolha, porque o PCdoB luta por direitos iguais, por um mundo mais justo".

Sobre Porto Alegre, Manu defende que é preciso haver um encontro entre a população porto-alegrense e o crescimento, o desenvolvimento. "Nossa capital é linda, mas há pelo menos 8 ou 10 anos o centro dos debates é o mesmo. Isso significa que eles não evoluíram, infelizmente."

Sobre a expressiva votação (482.590 votos), Manuela citou alguns fatores: o trabalho desenvolvido por ela e pela sua equipe; a relação direta com os eleitores; a constante prestação de contas; e as redes sociais (que aproximam ainda mais Manu e os eleitores).


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

PCdoB celebra 2010!

Para encerrar um ano de grandes resultados, o PCdoB promoveu uma grande festa de final de ano para seus militantes, filiados e amigos. O encontro aconteceu no sábado, 11/12, às 20h, no salão de festas da Igreja Pompéia, com show da banda Mariposa.


Estiveram presentes a deputada Manuela d´Ávila, o deputado Raul Carrion, o presidente estadual do PCdoB Adalberto Frasson, o presidente municipal do PCdoB Fernando Niedesberg. Eles receberam e homenagearam os novos filiados. 


Todos lembraram a importância do ano de 2010 para a política em todo o Brasil. O PCdoB segue ganhando força e mostrando sua importância a cada vitória do povo brasileiro e gaúcho.


Que venham as próximas conquistas!






sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Manuela recebe Jornal do Comércio para entrevista





Na manhã desta sexta-feira, 10, a deputada Manuela d’Ávila concedeu entrevista ao Jornal do Comércio. Manuela falou sobre as eleições 2010 e suas expectativas para o futuro. Ainda na pauta da conversa, estava uma análise do momento político que o Brasil, o Rio Grande do Sul e Porto Alegre vivem, a Copa do Mundo de 2014 e perspectivas para 2012.

Sobre a sua votação (mais de 482 mil votos), Manuela disse que é um sinal positivo da população e resultado de quatro anos de muito trabalho na Câmara.