terça-feira, 12 de abril de 2011

Conselho Tutelar

No domingo passado, Porto Alegre elegeu seus novos Conselheiros Tutelares. Confira a seguir um artigo da deputada Manuela sobre a importância dessa eleição.

Conselho Tutelar e educação: trabalho no presente, investimento no futuro

“Lugar de criança é na escola”. Essa é uma máxima indiscutível e unânime. A educação é peça fundamental para a promoção de um futuro próspero para nossas crianças e nossos adolescentes e, principalmente, para a consolidação do país que queremos: desenvolvido, seguro, igualitário. E para a construção desse futuro alguns agentes do presente assumem papel de protagonistas: do trabalho deles, desenvolvido a cada dia, depende a viabilização do futuro que sonhamos.  

Estou falando dos conselheiros tutelares e do importante espaço que ocupam na nossa sociedade. Eles fazem parte da formação de nossas crianças e adolescentes, atuam na garantia de seus direitos e têm papel destacado de articulação e mediação em situações diárias de risco. Sempre defendi que o cuidado com as crianças e os adolescentes tem de ser prioridade e que não podemos mais negligenciá-los. Na prática, isso significa, também, valorizar os Conselhos Tutelares, dar a eles infraestrutura e apoio.

Porto Alegre entra nesse debate porque elege, no próximo dia 10, seus Conselheiros Tutelares. O Conselho – órgão permanente, autônomo e não jurisdicional – é encarregado pela sociedade para zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Criados por leis municipais, os Conselhos integram o quadro das instituições municipais e, ao lado do poder executivo das cidades, têm papel destacado na proteção de crianças e adolescentes. A estrutura legal do CT determina que ele desenvolva ações contínuas e ininterruptas. Mais, sua existência não depende de autorização de terceiros para o exercício das atribuições legais (conferidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente).

Diante de tamanho desafio e importância, defendo que o Conselho precisa ser mais valorizado, respeitado e divulgado. Sãos os conselheiros que conhecem a realidade das comunidades, das escolas e do entorno. São eles, portanto, que têm nas mãos os argumentos para convencer crianças e adolescentes a permanecerem nas escolas. Se uma criança (ou um adolescente) não frequenta a escola (47% não estão estudando), sujeita-se a situações adversas, que colocam em risco o seu desenvolvimento. Exemplo disso são os crescentes índices de violência, o consumo de drogas e o aliciamento de menores pelo tráfico. Sem educação, não há futuro, e o presente é sub-humano.

Contrariando a importância que a eleição dos conselheiros tutelares deve ter, o que temos visto no processo eleitoral porto-alegrense são mudanças que comprometem não apenas a legitimidade do processo, mas a participação popular no pleito – fundamental para seu sucesso. Os problemas existem desde a publicação do edital que regulamentaria a eleição: os documentos exigidos foram alterados, as regras da campanha sofreram diversas retificações, a forma de votação foi alterada e, por fim, a data da votação foi adiada – enquanto a campanha estampada em busdoor divulga, ainda, a data inicial (27/03).

Se são os responsáveis pelo acolhimento de crianças e adolescentes e pela garantia e incentivo da permanência deles na escola, os conselheiros tutelares, para sua segurança, precisam ser escolhidos pelo maior número possível de eleitores.  Hoje, o voto é facultativo, e o número de mudanças do processo de Porto Alegre só faz confundir os eleitores. Tantas mudanças dificultam o acesso às informações do pleito, geram confusão e fragilizam uma das eleições mais importantes para as transformações que a capital precisa viver. Como resultado, corremos o risco de termos um Conselho fragilizado. Ou seja, nossas crianças e nossos adolescentes estarão sujeitos a graves problemas decorrentes da não permanência na escola: violência, drogadição, tráfico, doenças, redução da expectativa de vida.

Manuela d'Ávila
Deputada federal (PCdoB) e presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara

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